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13/12/2017

Livro investiga papel de Winston Chruchil no início da Segunda Guerra Mundial

O argumentista britânico Anthony McCarten autor do livro "A Hora Mais Negra" sobre Winston Churchill considera que o primeiro-ministro britânico não tinha "aptidão para a paz", não aceitava outros argumentos, mas estava certo sobre o nazismo.




"Onde homens mais razoáveis temiam legitimamente as consequências das suas decisões, ele não tinha grande pendor para a contemplação de consequências negativas -- fora assim toda a sua vida -- e não compreendia facilmente os outros", (página 269) escreve o autor.

"O que determina a diferença, por fim, é que o líder esteja ou não certo (...) Ele teve razão", acrescenta McCarten, autor do argumento do filme "Darkest Hour" (2017) com o ator britânico Gary Oldman no papel de Winston Churchill.

O livro é fruto das investigações de Anthony McCarten e deu origem ao argumento do filme tratando sobretudo dos momentos "dramáticos" que marcaram o Reino Unido em 1940: entre o afastamento de Neville Chamberlanin de Downing Street, o confronto com Halifax, a tomada de posse de Winston Churchill como chefe do governo (10 de maio) até ao início da retirada das Forças Expedicionárias Britânicas de Dunquerque, no dia 04 de junho, durante a invasão da França pelo Exército nazi.

McCarten consultou os Arquivos Nacionais britânicos, nomeadamente os documentos do Almirantado, do Parlamento e do Gabinete de Guerra enfatizando a remota possibilidade de um eventual acordo de paz entre Londres e Berlim sob a mediação do ditador fascista italiano, Benito Mussolini já depois da invasão nazi da Polónia (01 de setembro de 1939), Checoslováquia, Dinamarca e Noruega.

"Muitos leitores ficarão surpreendidos ao saber que o grande Winston Churchill, apresentado à História como inimigo empenhado e inabalável de Hitler, disse aos seus colegas do Gabinete de Guerra que, em princípio, não se oporia a conversações de paz com a Alemanha se 'Herr Hitler estivesse preparado para acordar a paz com as condições de restituição das colónias alemãs e a suserania sobre a Europa Central", escreve McCarten que também escreveu o argumento do filme "A Teoria de Tudo".

Apesar dos aspetos relacionados com a vida de Churchill antes da tomada de posse em 1940 e dos enquadramentos históricos e políticos o livro "A Hora Mais Negra" detalha os quatro famosos discursos do primeiro-ministro proferidos publicamente no Parlamento - principalmente o apelo à resistência e ao combate que marca o discurso da retirada de Dunquerque - e que em poucas semanas contribuiram para mudar o curso do conflito através do empenho dos britânicos contra o nazismo.

"Churchill recorre aqui habilmente a dois dispositivos retóricos essenciais, ambos repescados da Antiguidade. Um é a anacenose, uma figura de estilo em que é feito um apelo aos ouvintes ou aos opositores à manifestação da sua opinião. Ele usa-o em 'Perguntam-me: qual é a nossa política' atraindo os que o ouvem para a sua dramatização", (página 139) refere McCarten.

"O outro dispositivo é a anáfora, a repetição de uma palavra ou palavras no início de um ou mais versos, preposições ou frases sucessivas", indica o argumentista recordando o uso sucessivo do verbo "combater" ou da palavra "vitória", neste caso, utilizada cinco vezes numa única frase.

McCarten sublinha também que em contraste com os discursos "egocêntricos" de Hitler que "enfatizava a palavra 'eu'", Churchill conhecia o poder do "Nós".

"Um é democrático e bom, o outro totalitário e absolutamente maligno (...) As frases anglo-saxónicas, curtas e simples, surgiam em bombardeamentos de pronomes plurais", escreve o autor do livro sobre o ano 1940, a ascensão de Winston Churchill e as posições de Londres contra a Alemanha nazi.

O livro "A Hora Mais Negra -- Como Churchill salvou a Inglaterra" (Objectiva, 310 páginas) de Anthony McCarten inclui fotografias e foi traduzido para português por Manuel Santos Marques.

Via - https://www.dn.pt/

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